
Um caso real que ao ser transposto para livro, ganhou o célebre prémio Pulitzer. Ao passar para película veio a ganhar quase todos os óscares para os que estava nomeado, em especial nas categorias mais importantes.
Um duplo assassinato nas docas de Nova York. Dois trabalhadores apareceram mortos. A investigação começou mas ninguém vira nada, ninguém sabia de nada. O desemprego e as condições de trabalho eram duras. O risco de perder o emprego era grande e o de não conseguir trabalho ainda era maior. Os patrões, os "big boss" das docas não eram pessoas de fácil trato. Os sindicatos procuravam defender os trabalhadores e os seus interesses. Mas à medida que o filme se vai desenvolvendo, o que poderia parecer uma história simplista entre bons e maus começa a complexificar-se. Como acontece normalmente, a realidade não é a preto a branco.
Os sindicalistas, ou melhor, alguns dos chefes dos sindicatos, estavam mais interessados em manter os seus privilégios do que os direitos dos trabalhadores. E isso traduzia-se em factos e acções que prejudicavam os próprios funcionários. Todos estavam ao corrente do que acontecia.
Eram como regras não escritas nem legais, mas o medo a perder o emprego não lhes permitia denunciar a situação. E como os que tinham sido mortos, tinham ousado pôr em causa isso, o medo instalara-se. Para alguns dos patrões esse estado de coisas também não era mau, pois assim conseguiam ter sempre trabalhadores obedientes e que não levantavam problemas.
Surge então o personagem interpretado por Marlon Brando, num dos seus melhores papéis. Ele sabia o que acontecera. Decidira tal como os outros, não fazer nada. Mas ao conhecer a irmã de um dos assassinados e confrontado com a injustiça de todo o sistema, decide actuar. É encorajado por amigos, mas tem consciência de que todas as consequências das suas acções recairão sobre si.
É então que se joga não só o seu destino, como igualmente o de todos os colegas. Decide avançar, mas o preço a pagar será elevado…
Há situações difíceis na vida real e esta história verídica é um bom exemplo disso. E como sempre acontece, a sua resolução passa sempre pela atitude pessoal de alguém que decide actuar correndo todos os riscos. Mais do que manter uma cómoda posição laboral, preferem fazer mesmo algo de valioso por si e pelos outros. E atitudes como esta, estão ao alcance de todos…
Apesar de ser considerada uma das melhores obras de Kazan, tendo recebido oito dos dez Óscares para que foi nomeado, o filme despertou acesa polémica: há quem defenda que o realizador tentou passar subliminarmente a mensagem de que, em certas circunstâncias, trair os colegas é a atitude mais correcta, procurando desta forma justificar as denúncias que ele próprio fez, num período da história do cinema americano que ficou conhecido como a “caça às bruxas”.
Kazan foi dos realizadores perseguidos neste período de tempo, e foi também dos que mais gente denunciou. Ou seja, foi aquilo que nós na gíria chamamos de "Chibo". Alguns anos mais tarde quando recebeu um Oscar pela carreira, no momento em que recebeu o prémio, foi aplaudido por parte da plateia, e assobiado por muitos outros.
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